quinta-feira, 25 de abril de 2013

Até quando Brasil?

Por: Danilo Spinola Caruso.

Tenho dito que a crise pela qual passamos é grave e provavelmente duradoura. E não será possível entendê-la sem perceber que não se trata somente de um problema da seleção brasileira, mas sim DO FUTEBOL BRASILEIRO como um todo – ou, eu diria mais, uma crise da nossa própria sociedade, que se reflete no campo. São tantos os problemas, que tenho que propor uma metodologia para abordá-los aqui. Façamos o seguinte: neste post eu vou tratar dos fatores mais imediatos, das “4 linhas”, como se diz. Se a galera curtir eu vou abrindo o campo de visão, incorporando mais fatores na análise.

 

Escrevo logo após o lastimável empate da seleção com o Chile (2 x 2). Aliás, com o Chile não, porque do time que jogou no Mineirão só 4 são titulares da seleção chilena! Sim, meus senhores... os jogadores que vimos ensinando o Brasil a jogar futebol eram do time RESERVA do Chile... O resultado, diga-se de passagem, não mostra o que foi o jogo: o Chile jogou MUITO mais do que o Brasil, em termos de organização tática, toque de bola, etc. Se tivesse jogadores um pouco melhores, teria goleado.

Imaginem só se o adversário fosse uma Alemanha da vida, e tentem conceber o tamanho do esculacho que teria sido...

É verdade que o Brasil também não jogou com os jogadores que atuam na Europa, mas isso pouca diferença faz. Do meio para frente, nossos “grandes” nomes atuam no Brasil mesmo, oras! E por falta de convite para jogar na Europa. O único que ainda reivindica uma transferência para um clube europeu é o Neymarketing – mas esse, se bobear, vai ter que assinar contrato é com o Getafe, o Bourdeaux ou algum outro time do segundo escalão...

Sobre a Calopsita, não tenho muito o que dizer. Acho o camisa 11 do Santos um bom menino, que também não tem culpa de todo o carnaval que fazem em cima do nome dele. Pode ter um monte de marqueteiro esperto em torno do Neymar (e tem MESMO), mas ele continua sendo só um garoto de vinte e poucos anos, então acho que ficar jogando a culpa nele é até covardia. Também não acho que ele seja pipoqueiro (nunca o vi fugir nem do jogo nem de dividida). Por outro lado, ele é O MAIOR CAI-CAI QUE JÁ VI JOGAR! Peço aos leitores que se lembrem de outros jogadores franzinos (como o Bebeto e o próprio Robinho) para me desmentir se eu estiver exagerando... De qualquer forma, o que “não dá para entender” é porque ele nunca vai para o banco, só isso. Escrevi “não dá para entender” entre aspas porque, no fundo, dá para entender sim! Mas isso é assunto para outro post. Por ora, basta dizer que, nos últimos dois jogos do Brasil, preferi ver 30 minutos do Osvaldo do que 180 de Neymar.

Quanto ao Felipão, acho inexplicável a insistência com o esquema de dois atacantes abertos, um de cada lado, e um mais centralizado no meio. Po... DESDE A ÉPOCA DO MANO ESSE ESQUEMA NÃO VEM DANDO CERTO! Foram INÚMERAS tentativas, e NUNCA funcionou! No jogo de hoje foi pior ainda, já que o Felipão colocou o Jadson em uma das pontas, sendo que esse jogador nunca jogou assim na vida...


Para que insistir com isso? É teimosia ou falta de criatividade e competência para pensar algo diferente? O que torcedor vaia não é só a má atuação do Brasil, mas fundamentalmente a REPETIÇÃO DOS MESMOS ERROS: os homens de frente ficam muito longe uns dos outros, sem comunicação; o Neymar fica sem espaço na lateral do campo; o Brasil perde no meio, sobrecarregando o único homem que sobra para a criação; o ponta de lança acaba ficando muito fixo, sem movimentação, pois se cair para qualquer lado ocupa o espaço do companheiro... Enfim, é o filme repetido que estamos vendo desde a época do Mano, só mudam os atores (um Hulk de um lado; um Fred no meio, etc).


Uma coisa é pedir para os jogadores abrirem o jogo; outra muito diferente é coloca-los fixos na lateral, sem liberdade para encontrarem os espaços, e sem trocarem nunca as posições durante o jogo. Aí fica muito fácil de marcar, não é? Aliás, na única vez que fugiu desse esquema, o Brasil acabou fazendo um belo gol – com o Jádson se aproximando do meio, e fazendo o “X” com o Pato. Jogada que nada mais é do que um bê-á-bá do futebol, mas que parece ser proibido na seleção. Aliás, percebam que, mais para o final do jogo, o Neymar acabou chutando o balde e abandonando seu exílio no canto do gramado, buscando o jogo pelo meio, para ter mais espaço e liberdade para criar. É compreensível... De toda forma, àquela altura, nada mais funcionava no Brasil...
Bem, caros passageiros do BONDE, neste post eu foquei o jogo de hoje. Com vistas à Copa, o que nos resta é buscar isso: um melhor esquema tático, algumas mudanças nas convocações (o que o tal Leandro estava fazendo ali?!?!), etc. Tem gente otimista, e de fato no futebol tudo pode acontecer. Mas ganhar é muito improvável, né? Para dizer o mínimo... O que podemos é tentar jogar “na raça”, como se diz. Mas com isso conseguiremos, no máximo, evitar um vexame; GANHAR UMA COPA DO MUNDO “NA RAÇA” é algo que eu nunca vi acontecer. Nem na Libertadores um time é campeão só na raça, que diria numa Copa. E com tantas boas seleções por aí, acho praticamente impossível ser campeão desse jeito.

Mas isso é para falar do que dá para fazer até a Copa... Só que nossos problemas são MUITO maiores do que esse mundial, e se enganam aí os que apenas esperam para crucificar o Felipão ou o Neymar. Quem credita nossa crise atual ao acaso, ao fruto do imponderável, ou à mudanças pontuais (como as que sugeri neste post), está muito longe de entender o tamanho da crise que vivemos.
Se a galera quiser, nos próximos posts eu aprofundo o assunto. Tenho bem umas duas ou três coisas que gostaria de dizer sobre esse tema!

Abraços a todos,

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